Dólar já era para estar em queda, mas é impedido pelo barulho político, diz Guedes

Por Redação em 15/09/2021 às 03:25:51

Ministro da Economia, Paulo Guedes afirmou nesta terça-feira, 14, que o dólar deveria estar em trajetória de queda, mas é barrado pelo barulho político em Brasília. Segundo o chefe da equipe econômica, a divisa norte-americana deveria estar cotada entre R$ 3,80 e R$ 4,20, “se tivesse tudo normal”. O câmbio encerrou a sessão desta quarta com avanço de 0,65%, cotado a R$ 5,25. Desde o começo do ano, a moeda acumula alta de 1,3%. “Esse dólar já era para estar descendo, mas o barulho político não deixa. Não tem problema, [dá] mais tempo para as exportações, para nossa substituição de importações ir funcionando. Não tem problema, não temos pressa, o negócio é fazer a coisa certa, o tempo todo”, afirmou. O ministro voltou a dizer que acredita nas instituições democráticas brasileiras, mas que “atores cometem excessos”, em alusão à recente escala de tensão entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e membros do Judiciário. “Às vezes o presidente sai do cercadinho. Às vezes um ministro do STF [Supremo Tribunal Federal] prende pessoas. Toda hora tem alguém que pula a cerca e vai passear pelo lado selvagem. O que acontece? As instituições agem e convidam para voltar para o cercado. São robustas as instituições, elas estão demonstrando isso”, disse.

O ministro também voltou a defender uma saída jurídica ou legislativa para a questão dos precatórios — como são chamadas as dívidas da União que não cabem mais recursos. Para o ano que vem, o governo federal deve desembolsar cerca de R$ 89,1 bilhões. O Executivo busca parcelar o montante através de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), encaminhada ao Congresso, enquanto tenta um entendimento com membros do STF. “A nossa sugestão, que está em uma PEC, é criar uma atmosfera que qualquer meteoro que venha daqui para frente bata e vire uma chuva de meteoritos. Toda luta é para dar visibilidade e exequibilidade”, afirmou o ministro durante um evento promovido pelo banco BTG Pactual. Para Guedes, o termo “meteoro” é empregado por ser algo de fora. Segundo o ministro, além de inviabilizar o planejamento orçamentário para o ano que vem, a dívida impede o crescimento da mensalidade do Bolsa Família para R$ 300, conforme já havia sido planejado. “Estava embaixo do teto, dentro da responsabilidade fiscal. Na hora que vamos mandar, chega o meteoro”, afirmou. O valor para o próximo ano é cerca de R$ 35 milhões acima da conta de 2021. Segundo o ministro, quase de metade do valor veio de Estados do nordeste governados por opositores do presidente.

O ministro ainda citou que o aumento do Bolsa Família pode vir através da reforma do Imposto de Renda. De acordo com Guedes, mesmo que a mudança tenha caráter neutro — sem aumento de impostos —, ela pode carimbar recursos para a expansão do programa social. A medida está no Senado e enfrenta resistência de parte do empresariado, que afirma que as alterações levarão ao acréscimo da tributação. Segundo o chefe da equipe econômica, caso a pauta seja barrada, o governo pode encaminhar a renovação do auxílio emergencial com valores de R$ 500. Atualmente, o benefício, com prazo para encerrar em outubro, distribui parcelas de R$ 150 a R$ 375. A medida, no entanto, “vai virar bagunça se não tiver uma solução técnica correta”, disse Guedes.

Guedes também disse que o crescimento esperado para a economia desde ano não é garantia que ele se torne sustentável, mas que os sinais indicam para a retomada dos investimentos no país. De acordo com o chefe da equipe econômica, em até dez anos, o país deve receber um aporte de R$ 540 bilhões da iniciativa privada. O ministro também afirmou haver uma “rolagem de desgraça” nas previsões dos críticos. Guedes citou que pessoas contrárias ao governo já apontaram a falta de base no Congresso, o gerenciamento da pandemia do novo coronavírus, e que agora indicam o baixo crescimento da economia esperado para 2022. “A desgraça está anunciada para o ano que vem. É evidente que a crise nos preocupa, como a crise hídrica, que coloca pressão nos preços”, disse o ministro.

 

 

Fonte: JP

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