Dólar vai a R$ 5,42 com pessimismo global e risco fiscal no radar; Bolsa afunda 3%

Por Redação em 28/09/2021 às 20:50:16

Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro fecharam no campo negativo nesta terça-feira, 28, com o pessimismo no cenário global e a volta do risco fiscal ao país. O dólar encerrou com alta de 0,85%, a R$ 5,424. Esta foi a maior cotação do câmbio desde 4 de maio, quando encerrou a R$ 5,430. O dólar chegou a bater a máxima de R$ 5,451, enquanto a mínima não passou de R$ 5,389. A divisa norte-americana fechou a véspera com alta de 0,65%, a R$ 5,378. Seguindo o mau humor nos mercados internacionais, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, encerrou o dia com queda de 3,05%, aos 110.123 pontos. O pregão desta segunda-feira, 27, fechou com alta de 0,3%, aos 113.583 pontos. No cenário internacional, o dólar manteve vantagem diante das moedas emergentes com a alta nas expectativas dos juros nos Estados Unidos. O movimento segue o avanço da inflação e as sinalizações do Banco Central dos EUA (Fed, na sigla em inglês) para a antecipação do corte de estímulos monetários com a elevação dos juros, atualmente em níveis mínimos, e a redução da compra de US$ 120 bilhões mensais em títulos públicos. “Esse aumento da expectativa de juros pesa principalmente nas ações de tecnologia, estamos vendo movimento de venda generalizado no setor de tecnologia, trazendo uma tendência negativa para a Bolsa”, afirma a especialista em ações da Clear Corretora, Pietra Guerra.

Na pauta doméstica, o humor dos investidores foi pressionado pela volta do risco fiscal e os impactos na trajetória da dívida pública do país. Na ata da reunião que elevou a Selic para 6,25% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) afirmou que o aumento do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o medidor oficial da inflação brasileira, é pressionado pelos gastos do governo federal no combate à pandemia do novo coronavírus. “Apesar da melhora recente nos indicadores de sustentabilidade da dívida pública, o risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária.”

O governo federal busca um acordo para prorrogar o auxílio emergencial ao menos até dezembro, mas encontra resistência na equipe econômica comandada por Paulo Guedes. À Jovem Pan, auxiliares do Executivo afirmaram que o Ministério da Cidadania dialoga diretamente com pessoas próximas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e com lideranças do Congresso para estender o benefício social, que tem prazo para encerrar em outubro. As tratativas caminham na direção de acrescentar dois meses no calendário, prazo visto como o suficiente para que a União consiga definir as fontes de recursos do Auxílio Brasil, o programa social projetado para substituir o Bolsa Família. Segundo as informações, a prorrogação deve manter o contingente de 39 milhões de brasileiros atualmente cadastrados, e as mensalidades de R$ 150 a R$ 375. O principal argumento da pasta da Cidadania é cobrir os cerca de 25 milhões de pessoas que não cumprem os critérios de pobreza necessários para integrar o novo programa social, previsto para abranger 17 milhões de famílias, enquanto o país ainda lida com os reflexos da crise, como a aceleração da inflação e a manutenção da taxa de desemprego em nível elevado. Na véspera, a Câmara dos Deputados e o Senado aprovaram um projeto de lei que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021 e permite a destinação de recursos para o Auxílio Brasil. O texto autoriza o uso de propostas legislativas que ainda estão em tramitação como forma de compensação ou aumento de despesa obrigatória para programas de transferência de renda, como é o caso do Auxílio. Com isso, o governo pretende usar a arrecadação que será trazida pela reforma do Imposto de Renda para bancar o programa.

Fonte: JP

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