Produtos do campo, combustíveis e passagens aéreas puxam a inflação em 12 meses; veja os itens que mais subiram

Por Redação em 10/11/2021 às 11:39:57

Mais uma vez, os produtos de origem no campo, como legumes e verduras, os combustíveis e as passagens aéreas lideraram o aumento da inflação no mês. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro foi a 1,25%, acima da alta de 1,16% de setembro, e acumulou avanço de 10,67% em 12 meses. Este é o valor mais expressivo para o período desde janeiro de 2016, quando o saldo fechou em 10,71%. A repetição destes grupos na tabela de cima da variação de preços é explicada por um quadro de forte desvalorização do real ante o dólar, a valorização das commodities e a pior crise hídrica que o país enfrentou nos últimos 91 anos. Dos dez subitens que mais subiram, seis fazem parte do grupo dos alimentos. Os outros quatro englobam o guarda-chuva dos transportes, sendo três combustíveis mais as passagens aéreas. A carestia é liderada pelo pimentão, com alta de 85,37% desde outubro de 2020. Em segundo lugar aparece o etanol, com alta de 67,41%, seguido pela batata-doce, que registrou avanço de 51,21%. As passagens aéreas aparecem na sequência, com encarecimento de 50,11%, com açúcar refinado atrás, com alta de 47,82%. O ranking ainda é composto pela gasolina (42,72%), açúcar cristal (42,47%), óleo diesel (41,34%), mandioca ( 40,72%) e e gás veicular, também conhecido por GNV, (39,58%).

A prevalência dos hortifrútis na lista é reflexo da sequência de geadas e da falta de chuvas, mais a elevação do dólar. Na primeira ponta, os fatores climáticos criaram um desbalanço em diversos produtos do campo, o que levou a diminuição da sua oferta no mercado. Já o câmbio impacta na compra de insumos. Como a maior parte dos fertilizantes é importada, os produtores precisam desembolsar mais quando o dólar sobe, e uma fração dessa diferença acaba sendo repassada ao consumidor final. A disparidade da moeda brasileira ante a norte-americana também explica parte do aumento dos combustíveis, além da manutenção do preço do barril de petróleo em patamares elevados. O mesmo fator contribui para o aumento das passagens aéreas, já que o querosene usado nos aviões ficou mais caro. Além disso, a maior circulação de pessoas com o avanço da campanha de imunização contra o novo coronavírus aumenta a demanda por viagens, elevando a procura de um serviço que ainda está se adequando à normalização do pós-pandemia.

A aceleração da inflação em 2021 é puxada principalmente pela variação de preços administrados, como a energia elétrica e os combustíveis. O primeiro registrou alta de 30,27% nos 12 meses acumulados em outubro, enquanto a variação do outro foi a 45,26%. O mercado financeiro projeta que o IPCA encerre o ano em 9,33%, segundo previsão do Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 8. Na semana passada, a estimativa apontava para alta de 9,17%. A constante revisão para a variação de preços deste ano já contaminou as expectativas de 2022. Para o ano que vem, a mediana da pesquisa feita pelo Banco Central aponta inflação a 4,63%, ante 4,55% na edição da semana passada. A autoridade monetária persegue a meta de 3,50% em 2022, com piso de 2% e teto de 5%.

A deterioração das expectativas da inflação foram reforçadas pelo aumento do risco fiscal com o apoio do governo federal na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios. O texto, que foi aprovado em segundo turno pela Câmara dos Deputados na noite desta terça-feira, 9, e agora segue para o Senado, autoriza o adiamento do pagamento das dívidas do Executivo, muda as regras do teto de gastos e dá base financeira para o governo elevar as parcelas do Auxílio Brasil a R$ 400 por mês até dezembro de 2022. Em resposta, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC acelerou a alta dos juros ao acrescentar 1,5 ponto percentual e elevar a Selic para 7,75% ao ano na reunião de outubro. Em ata, a autoridade monetária sinalizou novo aumento de mesma magnitude no encontro de dezembro, o último de 2021, encerrando o ano com os juros em 9,25%. Para analistas, o BC deve manter o ritmo de alta até o fim do ciclo, projetado para até março de 2022, com a Selic próxima de 11%. A autoridade monetária reconheceu que o movimento deixa a taxa em patamar “significativamente contracionista” — quando os juros dificultam as atividades econômicas. Essa mudança levou à revisão da expectativa do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022 para 1%, com análises mais pessimistas indicando recessão no próximo ano.

Fonte: JP

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