Com juros a 11%, veja opções de onde investir o seu dinheiro

Por Redação em 13/02/2022 às 08:37:34

O retorno dos juros ao patamar de dois dígitos — e as indicações de novas altas à frente — tornou os investimentos em renda fixa atrativos novamente devido ao aumento dos rendimentos sem a necessidade de se expor muito ao risco, como ocorre na renda variável. Após anos de cortes na Selic e a manutenção da taxa básica em 2% ao ano, o menor nível da história, até março do ano passado, o Banco Central (BC) inverteu a estratégia e deu início a um novo ciclo de alta. Em menos de um ano, a autoridade monetária acrescentou 8,75 pontos percentuais nos juros, passando para os atuais 10,75% ao ano. E a disparada ainda não chegou ao fim. Na ata da última reunião, realizada em fevereiro, a autoridade monetária deixou contratado novo acréscimo no encontro agendado para março – apesar de afirmar a desaceleração no ritmo. O tom duro da mensagem fez com que os analistas enxergassem os juros acima de 12% já no primeiro semestre, um patamar que deve se manter ao menos até o ano que vem, a depender dos efeitos do arrocho monetário na tentativa de trazer a inflação para a meta em 2022 e 2023.

O aumento da Selic impacta diretamente no rendimento de títulos públicos e de instituições financeiras. Esses documentos são emitidos como uma forma de financiamento e garantem a devolução do valor com a soma dos juros ou da inflação, dependendo do tipo de investimento, em um prazo determinado, que pode ser de meses até décadas. Os títulos da renda fixa podem ser divididos entre os prefixados e os pós-fixados. No primeiro exemplo, o investidor já sabe quanto o negócio vai render, ou seja, considera o patamar dos juros no momento em que ele faz o aporte do dinheiro. A LTN, também chamada de Tesouro Prefixado, um título emitido pelo governo federal, representa o maior exemplo de investimentos desta categoria. Já o pós-fixado varia de acordo com alta ou queda da taxa de juros promovida pelo BC, no caso da Selic, ou do Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), se ele estiver atrelado à inflação. Neste caso, não é possível saber o tamanho do rendimento ao fim do prazo acertado. O Tesouro Selic, que varia segundo os juros, é o principal exemplo desta modalidade. Há também opções pós e prefixadas, como os CBDs, que são título emitidos por instituições financeiras.

A escolha da melhor opção de renda fixa, assim como qualquer outra categoria de investimento, deve considerar o perfil do investidor — se está disposto a arriscar ou prefere algo mais seguro, quais os objetivos do aporte, ou seja, a necessidade de ter o dinheiro em mão, e, por último, a diversificação da carteira de negócios. “Agora é o momento da renda fixa, principalmente para quem é mais conservador”, afirma Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos. “Os pós-fixados em Selic são as melhores opções. Mas quem está mais disposto a encarar o risco, vale a pena comprar o pós-fixado em IPCA. Os prefixados são mais previsíveis, mas pelo momento, é melhor dar preferência para títulos mais curtos, de preferência com vencimentos em no máximo cinco anos”, afirma. Já Rodrigo Sgavioli, head de alocação e fundos da XP, chama a atenção para o nível de controle emocional necessário para quem optar por títulos que possam sofrer variação ao longo do tempo. “É preciso ter atenção que o caminho até o vencimento pode machucar o investidor por ter um racional parecido com o da Bolsa de Valores”, afirma.

A volta da atratividade da renda fixa não significa, necessariamente, que investimentos de base variável se tornaram menos atrativos. Apesar da volatilidade ao redor do mercado de ações, especialistas apontam que o cenário tende a deixar a Bolsa de Valores barata com a saída de investidores. “Se cria um movimento de fluxo de saída do mercado de ações e, com mais gente ofertando do que comprando, o preço cai”, afirma Cristiano Corrêa, coordenador do curso de administração do Ibmec de São Paulo. A alta da Selic também favorece setores listados na B3, a Bolsa de Valores brasileira. Neste quadro, os papéis de instituições financeiras, como bancos e seguradoras, se destacam. Ricardo Teixeira, coordenador do MBA de gestão financeira da FGV, destaca também instituições ligadas ao agronegócio e à alimentação. “Com o aumento das exportações, a tendência é que esses setores fiquem aquecidos”, explica. No lado oposto, os analistas do mercado pedem atenção para empresas com alto grau de endividamento e que podem ser pressionadas pela escalada das taxas de financiamento a reboque da Selic. Borsoi também destaca que o cenário de baixo crescimento econômico esperado para este ano torna papéis ligados ao consumo menos atrativos. “É melhor evitar ações de varejistas, já que as famílias estão endividadas e o desemprego ainda está alto. Em momentos de incerteza, as pessoas tendem a ir para setores mais defensivos, como de empresas de telecomunicação e de energia”, afirma.

Fundos imobiliários devem ser favorecidos pela retomada da economia

Os fundos imobiliários, um dos principais destaques do mercado financeiro nos últimos anos, também serão impactados pelo cenário de juros altos. Se por um lado o aumento da Selic impacta diretamente nas taxas de financiamento de imóveis, por outro, a reocupação de espaços que ficaram vagos durante a pandemia com a retomada da normalidade tende a aquecer o segmento e recuperar os preços que estavam baixos. “Nem sempre o preço do ativo reflete a qualidade do investimento”, afirma Sgavioli, da XP. Para Teixeira, da FGV, a recuperação da economia global dará o tom para o potencial dos fundos. “Passamos por dois anos de pandemia, e agora há uma pressão sobre esses ativos. A retomada está acontecendo, a questão é a velocidade que ela vai se desenvolver”, pontua.

Fonte: JP

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