Ibovespa afunda 2,5% com clima internacional negativo; dólar fecha estável

Por Redação em 08/03/2022 às 10:13:37

O mercado financeiro brasileiro fechou nesta segunda-feira, 7, no campo misto em meio ao clima global negativo com as ameaças de boicote ao petróleo da Rússia. Na cena local, investidores analisaram as tratativas do governo federal em mudar a política de preços da Petrobras para evitar que a variação internacional eleve os preços domésticos. Impactado pela onda de queda que varreu os principais mercados financeiros neste início de semana, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, fechou com forte recuo de 2,52%, aos 111.593 pontos. Esta foi a maior retração diária do pregão desde o dia 26 de novembro, quando caiu 3,36%. Pressionado pelo clima de aversão internacional e com a disparada das commodities, o dólar encerrou estável, com leve alta de 0,03%, cotado a R$ 5,080. O câmbio chegou na máxima de R$ 5,098, enquanto a mínima não passou de R$ 5,031.

As ameaças de suspensão pelos Estados Unidos e por aliados da Europa da compra do petróleo produzido na Rússia fizeram o preço do barril disparar neste início de semana. O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, confirmou neste domingo, 6, que o país está em “discussões muito ativas” com pares europeus para aumentar a pressão econômica como retaliação à invasão da Ucrânia. Os russos são os principais fornecedores de commodities energéticas na Europa, e o possível bloqueio ao mercado elevou os riscos de desabastecimento. O barril do tipo Brent, referência na maior parte do globo, foi a US$ 139,13 — o maior valor desde a crise financeira de 2008 —, antes de perder força e operar na casa de US$ 125. Já o do tipo WTI, base do mercado norte-americano, atingiu o pico de US$ 130,50, mas recuou para próximo de US$ 119.

O movimento também foi visto em commodities agrícolas e metálicas. A disparada em conjunto aumentou as pressões sobre as taxas de inflação nas principais economias do mundo, que já estão nos maiores níveis em décadas. O risco de variação de preços elevado e baixo crescimento econômico deu novo fôlego para os temores de estagflação. Com o clima pesado, o Nikkei, no Japão, fechou com queda de 2,9%, enquanto Shanghai retraiu 2,2%. Na Alemanha, a maior economia da Zona do Euro, o índice DAX fechou com queda de 2%, enquanto no Reino Unido o FTSE registrou baixa de 0,4%. O Stoxx 600, que reúne empresas de todo o continente, retraiu 1,1%. No outro lado do Atlântico, o Dow Jones registrava queda de 2%, enquanto o S&P 500 operava com retração de 2,6%. A Nasdaq, referência para empresas de tecnologia, também caía 3,1%.

No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu nesta manhã a revisão da política de preços da Petrobras para impedir que efeitos internacionais causem reajustes no mercado doméstico. Desde 2016, a petroleira adota o preço de paridade de importação (PPI), que baseia o valor cobrado às distribuidoras de acordo com a variação do petróleo no mercado global. Segundo o presidente, caso a estatal faça o repasse integral, os combustíveis sofrerão aumento de 50%, o que “não é admissível”. O Senado também está pressionado para debater nesta quarta-feira, 9, duas medidas com potencial de reduzir a escalada dos preços. A votação dos textos que mudam o ICMS e criam um fundo de compensação foi adiada duas vezes pela falta de consenso entre os parlamentares.

Fonte: JP

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