Onze anos depois da morte de Marielly, Justiça marca jĂșri de rĂ©us por aborto

Morte de Marielly Barbosa, em 2011, teve grande repercussão, após vir à tona caso com cunhado e gravidez

Por Redação em 25/05/2022 às 15:56:12
Marielly Barbosa Rodrigues morreu aos 19 anos, em 2011, depois de aborto malsucedido. (Foto: Arquivo)

Marielly Barbosa Rodrigues morreu aos 19 anos, em 2011, depois de aborto malsucedido. (Foto: Arquivo)

Onze anos depois da morte de Marielly Barbosa Rodrigues, a Justiça marcou o julgamento para setembro deste ano dos dois réus do processo. Hugleice da Silva, 38 anos, e Jodimar Ximenes Gomes, 51 anos, serão julgados por provocar aborto e ocultação de cadĂĄver da jovem à época com 19 anos, em crime ocorrido em Sidrolândia e de grande repercussão no Estado.

No despacho da juĂ­za Silvia Eliane Tedardi da Silva, da Vara Criminal de Sidrolândia, consta que foi designada audiĂȘncia de julgamento para o dia 15 de setembro de 2022, às 9h, naquele municĂ­pio. A magistrada lembrou que não havia mais prazo para manifestação no processo desde o dia 21 de junho de 2020 e que a lei determina que sejam observados a ordem de processos mais antigos para julgamento.

FamĂ­lia fez campanhar para encontrar a jovem que havia sumido no dia 21 de maio. (Foto: Arquivo)

O processo em questão tramita na Justiça desde 8 de agosto de 2011, quando o MPMS (Ministério PĂșblico de Mato Grosso do Sul) ofereceu denĂșncia contra Jodimar e Hugleice.

O caso, porém, jĂĄ era de conhecimento pĂșblico desde maio daquele ano, quando Marielly Rodrigues, à época com 19 anos, desapareceu. A famĂ­lia mobilizou buscas, fazendo cartazes com o rosto da jovem sorridente de aparelho nos dentes. O Ășltimo vestĂ­gio conhecido dela naquele perĂ­odo foi uma passagem pelos corredores do Aeroporto Internacional de Campo Grande.

No dia 11 de junho de 2011, o corpo da jovem foi encontrado em estrada vicinal, a 4,2 km da rodovia MS-162, em Sidrolândia. Durante as investigações, a polĂ­cia começou a desconfiar do comportamento do cunhado da jovem, Hugleice da Silva, que aparentava nervosismo. Com a quebra de sigilo telefônico, a polĂ­cia encontrou ligações entre os dois e mapeou o caminho seguido por Marielly até chegar em Sidrolândia.

Restos mortais foram encontrados em um canavial. (Foto: Reprodução)

Em depoimento, ele confessou que mantinha relacionamento com a cunhada e que a jovem engravidou. Em acordo, foram até Sidrolândia para que ela fosse submetida a aborto. Hugleice contratou o enfermeiro Jodimar Ximene Gomes, segundo a denĂșncia, por R$ 500 para o procedimento.

No dia 21 de maio daquele ano, o procedimento foi feito na casa do Bairro São Bento, em Sidrolândia. Marielly passou mal, sofreu intensa hemorragia e morreu. Em trecho do depoimento prestado à polĂ­cia, Hugleice disse que recebeu a notĂ­cia da fatalidade, dada pelo enfermeiro. "A menina morreu, não hĂĄ mais nada que possa ser feito, a gente tem que dar jeito no corpo dela."

O corpo de Marielly foi colocado na caminhonete de Hugleice e levado para o canavial, onde foi encontrado cerca de 20 dias depois.

A prisão dos dois chegou a ser decretada, depois que a PolĂ­cia Civil entendeu que Hugleice exercia forte influĂȘncia sobre a esposa e a sogra, sendo responsĂĄvel pelas finanças e estaria atrapalhando as investigações. Quando liberado, se mudou para Mato Grosso com a famĂ­lia.


Jodimar (esq.) e Hugleice da Silva (dir.) serão julgados por aborto seguido de morte e ocultação de cadĂĄver. (Foto: Arquivo)

Em novembro de 2020 voltou a ser notĂ­cia, desta vez, condenado por tentativa de homicĂ­dio contra a esposa Mayara, irmã de Marielly. Nesse processo, aberto em Alto Taquari (MT), foi sentenciado a 12 anos e 3 meses de prisão em regime inicial fechado. Ele a esfaqueou depois de encontrar mensagens dela com outro homem.

O advogado José Barbosa Rodrigues, responsĂĄvel pela defesa de Hugleice, disse ao Campo Grande News que, preliminarmente, não irĂĄ adotar tese absolutória, jĂĄ que o cliente confessou os crimes. "A ideia é tirar a questão das qualificadoras, mas ainda irei analisar com calma."

A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Jodimar Ximenes. Este réu responde o processo em liberdade e, conforme andamento do processo, chegou a se mudar para Caracol, mas voltou para Sidrolândia.


Hugleice durante a prisão de 2018, em Alto Taquari, no Mato Grosso. (Foto: Alto Taquari em Pauta) -

Fotos: Credito: Campo Grande News

Fonte: Campo Grande News

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