Nova subvariante muito transmissĂ­vel do coronavĂ­rus preocupa especialistas

Por Redação em 14/07/2022 às 09:39:42

A preocupação também se dá pelo alastramento da cepa em comparação a outras variantes. Segundo Denise Garrett, epidemiologista e vice-presidente do Instituto Sabin (EUA), “aparentemente [a BA.2.75] está se espalhando mais rapidamente que outras variantes circulando”.

Spilki também chama atenção para esse ponto. Ele diz que a BA.2.75 conseguiu se disseminar de forma considerável em ambientes que já contavam com uma larga presença de outras subvariantes também altamente transmissíveis, como a BA.4 e BA.5.

A BA.2.75 acumula uma série de mutações que ainda não tinham sido observadas. Segundo a OMS, além daquelas já registradas na BA.2, a subvariante tem oito novas mutações na proteína spike, que facilita a entrada do vírus nas células. Além destas, a BA.2.75 também tem outras cinco mutações.

É por meio da proteína spike que o coronavírus invade as células humanas. Por isso, quanto mais mutações uma variante acumular nesta proteína, as chances de maior transmissão aumentam.

“O que se sabe até o momento é que esse conjunto de mutações facilita a transmissão”, afirma Raquel Stucchi, infectologista e professora da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Sinal amarelo

Os indícios de maior transmissão da BA.2.75 acendem um alerta para o impacto que ela pode ter na pandemia de Covid-19. No entanto, ainda não é possível dizer com certeza que essa é a subvariante com maior transmissibilidade já registrada.

“Ainda é muito cedo para afirmações sobre a transmissibilidade da cepa”, afirma Garrett.

A cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, explicou em um vídeo da organização de 5 de julho que ainda existem poucos sequenciamentos da subvariante disponíveis para análise. Dessa forma, não é possível concluir o grau de transmissão e a gravidade dos quadros clínicos da BA.2.75.

RIO DE JANEIRO, RIO, 11.04.2021: CORONAVÍRUS-RIO – Movimentação de médicos e enfermeiros na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, zona norte da cidade. (Foto: Fabio Teixeira/Folhapress)

Outro aspecto é que o comportamento do vírus pode variar nos países, diz Spilki. Ele exemplifica o caso da variante delta na América Latina: embora tenha causado um enorme impacto em algumas partes do mundo, como nos Estados Unidos, essa cepa não teve um protagonismo tão grande nos países latinos em comparação com a variante gama.

No momento, ele acredita que a tendência é o crescimento contínuo da subvariante BA.5 em detrimento da BA.2.75. “Mas sabemos que essa situação pode mudar rapidamente”, ressalta.

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O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, também indicou em uma conferência no dia 6 que, nos continentes americano e europeu, as subvariantes BA.4 e BA.5 estão causando novas ondas de casos. Em relação a BA.2.75, Ghebreyesus indicou que ela está sendo acompanhada.

Quadros graves

Além da transmissão, outro aspecto que intriga é se a BA.2.75 pode causar quadros mais graves de Covid-19.

Segundo Garrett, os quadros mais leves da doença ocorrem principalmente porque a maior parte da população já desenvolveu algum tipo de imunidade -seja por conta da vacina ou por infecções prévias pelo Sars-CoV-2.

“Quanto maior for o escape imune da variante, mais possibilidade de causar quadros mais graves”, afirma Garrett.

AM – HOSPITAL/COVID19 – GERAL – Movimentação no Hospital e Pronto-socorro 28 de agosto, em Manaus (AM), na tarde deste sábado (23). Segundo o secretário da Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, as unidades de saúde estão acima do limite de capacidade: “Os casos de necessidade de internação no interior quintuplicaram.” Na foto, chegada de pacientes no hospital 28 de agosto. 23/01/2021 – Foto: SANDRO PEREIRA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

A epidemiologista também explica que, no caso da BA.4 e BA.5, as vacinas demonstraram ter eficácia contra hospitalizações e quadros graves. “Quanto à BA.2.75, ainda não temos informação suficiente”, completa.

A infectologista Stucchi também explica que a questão do desenvolvimento de quadros mais graves com a BA.2.75 continua em aberto. No entanto, ela ressalta que as vacinas, mediante a aplicação de doses adicionais, continuam se mostrando eficazes para evitar complicações, mesmo no caso das subvariantes.

Por isso, a infectologista diz que as novas mutações do Sars-CoV-2 “representam uma ameaça ao Brasil” ao considerar a baixa adesão da população na vacinação com doses de reforço.

Fonte: Banda B

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