MĂ©dicos discordam da suspensão da obrigatoriedade de mĂĄscaras em aviões

Por Redação em 17/08/2022 às 19:55:47

O vice-presidente da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), Claudio Maierovitch, ressalta que a média móvel de mortes provocadas pelo coronavírus –atualmente, 176 por dia– ainda é alta.

“Do ponto de vista científico, retirar a obrigatoriedade das máscaras significa facilitar a transmissão do vírus. Não entendo por que tamanha pressa em tirar um instrumento que comprovadamente funciona para frear isso”, diz o epidemiologista.

A epidemiologista Ethel Maciel, professora da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo), entende que faz sentido realizar o debate agora. “Já esperávamos que no final de julho ocorresse a diminuição da onda da variante ômicron. De todos os momentos que passamos [na pandemia], esse é o mais oportuno para a discussão”, afirma.

“Diria que o transporte aéreo é um dos únicos lugares do Brasil que tivemos a colocação de filtros HEPA ["alta eficiência de filtragem de partículas do ar", em português], investimentos de melhoria de qualidade do ar. Porém, ainda que haja esse filtro, se você estiver em um ambiente fechado, é melhor se proteger com a máscara”, recomenda Maciel.

A professora lembra que, apesar da obrigatoriedade, na prática ela não funcionava tão bem, pois falta fiscalização. “As pessoas acabam usando só para entrar no avião. Se não utilizam da forma correta, a medida de proteção fica muito prejudicada”, relata.

Com a queda da obrigatoriedade, os especialistas ouvidos pela reportagem dizem não acreditar que haverá um aumento explosivo de casos. “Mas certamente a redução de novos diagnósticos que poderia haver nesse período será mais lenta”, afirma Maierovitch.

Maciel ressalta que a Anvisa precisa definir critérios para retomar a utilização do instrumento nesses ambientes se o número de casos voltar a subir.

Quando poderemos abandonar as máscaras? Independentemente de ser obrigatório ou não, Maciel orienta a população a continuar utilizando as máscaras a exemplo do que já é prática em países asiáticos antes do surgimento do coronavírus.

“Toda vez que alguém está com uma infecção ou vai ficar longas horas em locais fechados, principalmente em viagens, eles usam por uma questão de aprendizado com epidemias do passado”, informa a professora.

“É uma medida barata, simples, efetiva e que não tem efeitos colaterais, nem impactos negativos sobre a autonomia das pessoas. Então, ela deveria ser a última a ser retirada”, finaliza Maierovitch.

Fonte: Banda B

Tags:   Saúde
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