Segundo o especialista em obesidade, cirurgião bariátrico e do aparelho digestivo, Dr. José Alfredo Sadowski, a obesidade promove diversas alterações físicas e metabólicas que colaboram não apenas para o desenvolvimento de diversos tipos de câncer como também para problemas cardiovasculares, diabetes, hipertensão, entre outras comorbidades.
Contudo, o médico destaca que a obesidade possui tratamentos eficazes e seguros como a cirurgia bariátrica. O procedimento é indicado quando o paciente atende a alguns critérios como Índice de Massa Corporal (IMC) entre 35 e 40 kg/m² na presença de comorbidades e acima de 40 kg/m² mesmo sem a presença de outras doenças diagnosticadas; idade e tempo de tratamento.
Câncer de Mama
De acordo com a médica radiologista Dra. Cristiane Spadoni, estudos epidemiológicos mostram a importância de fatores culturais e de estilo de vida, sendo 5% a 10% hereditários e 20% a 50% atribuídos a fatores de risco modificáveis, incluindo inatividade física e escolhas nutricionais que levam à obesidade. Segundo ela, o aumento da gordura abdominal aumenta o risco para tumores mais agressivos.
A dona de casa Marli Rodrigues Borges, de 47 anos, descobriu o câncer de mama pouco tempo após iniciar o tratamento para a redução de peso, quando estava com 97 quilos e um IMC de 30, que caracteriza obesidade. “Fiz a mamografia em fevereiro de 2019, apareceu uma calcificação e a biópsia apresentou uma lesão benigna. Continuei a ter sintomas como mamas inchadas e sangramento menstrual, mesmo sem ter útero; repeti os exames e tive o diagnóstico do câncer”, afirmou.
Marli realizou a cirurgia de mastectomia total para a retirada do tumor e, hoje, está bem; segue com o tratamento de hormonioterapia. “O meu ginecologista sempre falava que a obesidade é um dos itens que pode levar ao câncer, os exames apontaram que o meu tumor não foi causado por alterações hormonais”.
Genoma e obesidade
Um outro estudo publicado por pesquisadores do King"s College London no último mês aponta que os cientistas encontraram 74 novas regiões do genoma humano ligados à obesidade.
Os pesquisadores correlacionaram o resto do processo de decomposição de um alimento em energia – o metabolismo – com áreas específicas do mapa genético dos voluntários. Esses resquícios são chamados metabólitos e alguns deles estão diretamente ligados ao bem-estar instantâneo fornecido após uma refeição, enquanto outros estão atrelados aos principais processos fisiológicos do organismo e que interferem em seu equilíbrio.
“Um maior entendimento do porque o metabolismo e as necessidades de nutrientes diferem entre indivíduos, considerando os fatores intrínsecos como a genética, epigenética, microbioma e fatores ambientais, como dieta, atividade física, saúde mental e exposição ao meio ambiente permitirão estratégias mais personalizadas para reduzir o câncer de mama relacionado à obesidade”, diz Cristiane Spadoni.
Obesidade cresce no Brasil
A última edição da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) aponta o crescimento do índice de sobrepeso e obesidade. De acordo com os dados, 96 milhões de pessoas, ou cerca de 60,3% da população adulta do Brasil, estão com sobrepeso. Especificamente sobre a obesidade, o índice de prevalência em homens adultos é de 22,8% e de 30,2% nas mulheres.
Cirurgia bariátrica é indicada para quem?
No Brasil, a cirurgia bariátrica pode ser indicada quando os pacientes atendem a critérios de peso, idade e/ou doenças associadas. Estão aptos os pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40 kg/m², independentemente da presença de comorbidades; IMC entre 35 e 40 kg/m² na presença de comorbidades; IMC entre 30 e 35 kg/m² na presença de comorbidades que tenham obrigatoriamente a classificação “grave” por um médico especialista na respectiva área da doença.
A idade também é fator a ser analisado. Pacientes entre 18 e 65 anos não têm restrição. Acima de 65 anos, o paciente deverá passar por uma avaliação individual. Em pacientes com menos de 16 anos, o Consenso Bariátrico recomenda que a operação deve ser consentida pela família ou responsável legal e estes devem acompanhar o paciente no período de recuperação.
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