No Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado de SaĂșde um nĂșmero chama a atenção: do começo da pandemia até 5 de janeiro deste ano 823 crianças com menos de um ano foram infectadas pelo coronavĂrus. Entre 1 e 9 anos, foram 4.064 positivados.
Além de ser relativamente significativo, o dado choca porque significa que os bebĂȘs, possivelmente com pouco contato externo, podem ter adoecido no ambiente intradomiciliar, ou seja, é muito provĂĄvel que a doença tenha vindo por um familiar.
Para a infectologista e integrante do COE/MS (Centro de Operações de EmergĂȘncias), Mariana Croda, esse nĂșmero pode ser ainda maior. "As crianças tĂȘm nenhum ou poucos sintomas da doença e como o exame swab é desconfortĂĄvel para este grupo, muitas vezes a realização do teste é evitada. Além disso, hĂĄ poucos casos de internações e, com isso, menos diagnósticos dessa faixa etĂĄria".
De acordo com a informação da SES, nenhum óbito deste grupo foi registrado. "Os pequenos não representam um vetor de transmissão da doença, é importante que isso seja ressaltado, não são importantes na cadeia de transmissão e isso se deve a caracterĂstica da doença, conforme jĂĄ comprovado por estudos cientĂficos", saliente Mariana Croda.
Porém, quando hĂĄ casos de bebĂȘs positivados, independentemente dos resultados dos demais membros da famĂlia, todos os residentes da casa são isolados.
"O foco é a prevenção em relação à população idosa, minimizar o contato dos idosos, porque eles representam o maior risco de morte", acrescenta a especialista.
Sobrevivente
No dia 21 de julho, o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS), referĂȘncia no tratamento da Covid-19, recebeu um recém-nascido com fortes suspeitas de Covid-19 e que obteve a cura da doença. Segundo relatos da mãe, o bebĂȘ teve contato domiciliar com parentes e amigos com sintomas gripais. A criança, em seguida, teve febre alta e obstrução nasal, o que a levou a procurar o hospital.
No dia 24 saiu o resultado positivo para a Covid-19. Desde então, a criança, que hoje tem 1 mĂȘs e quatro dias de vida, esteve internada no CTI por 14 dias. No dia 05 de agosto, a criança recebeu alta do CTI e foi encaminhada para a enfermaria. "Ela (a criança) respondeu muito bem ao protocolo médico dado as infecções e inflamações ocasionadas em decorrĂȘncia da Covid-19, mas nos primeiros dias nos deixou bem preocupados", relatou, na época, a médica pediatra e neonatologista do HRMS, Tatiana dos Santos Russi.
Ana Brito, Subcom
Foto: Saul Schramm
Fonte: Região MS Noticias