Leonardo Bruno da Silva/Foto: Divulgação / Maria Eduarda Banus
Neste dia 15 de novembro, o Brasil comemorará 134 anos de Proclamação da República. E o que há de importante nisso? Estas datas comemorativas servem para que todos reflitam sobre a relação entre a ideia precursora e o concreto, o materialismo histórico. E aí cabe a pergunta: o que é a nossa República?
Nossa República começou em um golpe de Estado. Não, aquilo não foi uma revolução! Não tinha povo, não tinha o pressuposto democrático e, principalmente, foi uma quartelada oportunista. Foi uma resposta à Princesa Isabel, futura imperatriz, que havia assinado a lei que abolia a escravização. Isso desagradou boa parte da classe dominante apoiadora do ímpeto golpista dos positivistas.
De lá para cá foram muitos golpes, como relata o livro de Gabriel Raemy Rangel, que aceitamos como inexoráveis. Com efeito, ficamos enredados na esperança quixotesca de um salvador da Pátria capaz de conduzir o povo brasileiro ao paraíso, que Vaz Caminha descreveu em sua carta ao Rei, lá em 1500. As esperanças sempre foram depositadas em pessoas. Como se nunca tivéssemos realmente rompido com a monarquia. Como se, do fim ao cabo, sempre quiséssemos um rei ou imperador que resolvesse nossos problemas por nós. Como se a República (Res + publica) não significasse "Coisa de Todos".
Nesta medida não seria impossível que surgisse um personagem que simplesmente quisesse matar o presidente porque acreditou nele e depois descobriu que foi enganado. Foi refletindo muito sobre essa realidade brasileira que este articulista escreveu o "O Coronel que queria matar o presidente". Esse Coronel representa cada um que, em algum momento da nossa tortuosa história republicana, quis matar um presidente porque se sentiu enganado.
Leonardo Bruno da Silva é professor de História da rede pública de ensino há 20 anos. Doutor e mestre em História Política, também é escritor e publicou o livro "O coronel que queria matar o presidente"
Fonte: LC Agência de Comunicação