Alta do preço da carne transforma menor consumo em hábito alimentar

Por Redação em 14/11/2021 às 11:52:47

Segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), outubro de 2021 foi o primeiro mês com recuo na carne vermelha, 0,78%. Já a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) registra o menor consumo de carne vermelha no Brasil dos últimos 26 anos devido ao alto custo. A tradicional troca da carne bovina por frango ou ovo também ficou extremamente pesada para as famílias diante da escalada da inflação, que corrói os salários e um cenário de milhões de desempregados. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) avalia um aumento no preço de aves e suínos no primeiro trimestre de 2022. O presidente da ABPA, Ricardo Santin, culpa o forte impacto na cadeia produtiva do setor. “O preço das commodities internacionais, especialmente o milho e o farelo de soja, estão em patamares elevados, e o valor do dólar ainda facilita que venham comprar mais milho e farelo aqui no Brasil. Então, isso é algo que deve ter um arrefecimento, talvez, lá em agosto do ano que vem, quando entrar a segunda safra de milho. A verdade é que, hoje, o preço do frango, do suíno, do ovo mudou de patamar. E mudou de patamar para ficar, porque ele depende. Hoje, o agricultor quando vai plantar o milho está comprando um defensivo dolarizado e que não tem como ele também baixar o preço do produto que ele vai vender” afirma Santin.

Com a forte desvalorização do real perante ao dólar, os produtores são cobrados se eles priorizaram as exportações, muito mais rentáveis, e deixaram mercado interno desabastecido. “Na verdade o crescimento da exportação de aves e de suínos não tem nada a ver com a oferta, porque a oferta de mercado interno também cresceu. É diferente do que aconteceu no passado, em episódios como o do arroz, que exportou um monte e ficou com menos oferta no Brasil. Nós primeiros crescemos na produção de aves, suínos e ovos. No caso de aves, a gente cresceu 6% quase neste ano, cresceu no primeiro semestre mais de 8% a oferta em mercado interno e na exportação cresceu 12%, mas a oferta sempre foi maior. O grande problema do custo da produção, no caso das aves, suínos e ovos, é o preço do milho e do farelo de soja, que saltou lá de agosto de 2020 da casa de R$ 45 e veio para R$ 90 a R$ 100 e que se mantém”, pontuou.

A secretária Lorraine Finamor George resume o sentimento das famílias brasileiras: “O churrasco hoje tem que ser frango, vegetal, coloca o milho na grelha e tem que ficar feliz, porque picanha não. Esses dias eu falei, "nossa que saudade de comer um contra-filé com aquela espessura grossa, maravilhosa, mas não dá mais”. Lorraine divide a casa com o marido, a sogra e os dois filhos e sente o carrinho mais leve, mas muito mais caro, a cada visita ao mercado. A tendência não deve ser revertida num curto prazo. “Eu e meu marido a gente até brinca e falamos que vamos virar vegetarianos, vegano não porque tem alguns alguns alimentos veganos que, às vezes, saem mais caro do se alimentar "normalmente". Está impossível consumir carne igual a gente consumia antigamente”.

*Com informações do repórter Marcelo Mattos

Fonte: JP

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