Onze anos depois da morte de Marielly Barbosa Rodrigues, a Justiça marcou o julgamento para setembro deste ano dos dois réus do processo. Hugleice da Silva, 38 anos, e Jodimar Ximenes Gomes, 51 anos, serão julgados por provocar aborto e ocultação de cadĂĄver da jovem à época com 19 anos, em crime ocorrido em Sidrolândia e de grande repercussão no Estado.
No despacho da juĂza Silvia Eliane Tedardi da Silva, da Vara Criminal de Sidrolândia, consta que foi designada audiĂȘncia de julgamento para o dia 15 de setembro de 2022, às 9h, naquele municĂpio. A magistrada lembrou que não havia mais prazo para manifestação no processo desde o dia 21 de junho de 2020 e que a lei determina que sejam observados a ordem de processos mais antigos para julgamento.
FamĂlia fez campanhar para encontrar a jovem que havia sumido no dia 21 de maio. (Foto: Arquivo)
O processo em questão tramita na Justiça desde 8 de agosto de 2011, quando o MPMS (Ministério PĂșblico de Mato Grosso do Sul) ofereceu denĂșncia contra Jodimar e Hugleice.
O caso, porém, jĂĄ era de conhecimento pĂșblico desde maio daquele ano, quando Marielly Rodrigues, à época com 19 anos, desapareceu. A famĂlia mobilizou buscas, fazendo cartazes com o rosto da jovem sorridente de aparelho nos dentes. O Ășltimo vestĂgio conhecido dela naquele perĂodo foi uma passagem pelos corredores do Aeroporto Internacional de Campo Grande.
No dia 11 de junho de 2011, o corpo da jovem foi encontrado em estrada vicinal, a 4,2 km da rodovia MS-162, em Sidrolândia. Durante as investigações, a polĂcia começou a desconfiar do comportamento do cunhado da jovem, Hugleice da Silva, que aparentava nervosismo. Com a quebra de sigilo telefônico, a polĂcia encontrou ligações entre os dois e mapeou o caminho seguido por Marielly até chegar em Sidrolândia.
Restos mortais foram encontrados em um canavial. (Foto: Reprodução)
Em depoimento, ele confessou que mantinha relacionamento com a cunhada e que a jovem engravidou. Em acordo, foram até Sidrolândia para que ela fosse submetida a aborto. Hugleice contratou o enfermeiro Jodimar Ximene Gomes, segundo a denĂșncia, por R$ 500 para o procedimento.
No dia 21 de maio daquele ano, o procedimento foi feito na casa do Bairro São Bento, em Sidrolândia. Marielly passou mal, sofreu intensa hemorragia e morreu. Em trecho do depoimento prestado à polĂcia, Hugleice disse que recebeu a notĂcia da fatalidade, dada pelo enfermeiro. "A menina morreu, não hĂĄ mais nada que possa ser feito, a gente tem que dar jeito no corpo dela."
O corpo de Marielly foi colocado na caminhonete de Hugleice e levado para o canavial, onde foi encontrado cerca de 20 dias depois.
A prisão dos dois chegou a ser decretada, depois que a PolĂcia Civil entendeu que Hugleice exercia forte influĂȘncia sobre a esposa e a sogra, sendo responsĂĄvel pelas finanças e estaria atrapalhando as investigações. Quando liberado, se mudou para Mato Grosso com a famĂlia.
Jodimar (esq.) e Hugleice da Silva (dir.) serão julgados por aborto seguido de morte e ocultação de cadĂĄver. (Foto: Arquivo)
Em novembro de 2020 voltou a ser notĂcia, desta vez, condenado por tentativa de homicĂdio contra a esposa Mayara, irmã de Marielly. Nesse processo, aberto em Alto Taquari (MT), foi sentenciado a 12 anos e 3 meses de prisão em regime inicial fechado. Ele a esfaqueou depois de encontrar mensagens dela com outro homem.
O advogado José Barbosa Rodrigues, responsĂĄvel pela defesa de Hugleice, disse ao Campo Grande News que, preliminarmente, não irĂĄ adotar tese absolutória, jĂĄ que o cliente confessou os crimes. "A ideia é tirar a questão das qualificadoras, mas ainda irei analisar com calma."
A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Jodimar Ximenes. Este réu responde o processo em liberdade e, conforme andamento do processo, chegou a se mudar para Caracol, mas voltou para Sidrolândia.
Hugleice durante a prisão de 2018, em Alto Taquari, no Mato Grosso. (Foto: Alto Taquari em Pauta) -
Fotos: Credito: Campo Grande News
Fonte: Campo Grande News