Mais da metade dos brasileiros preferem viver melhor do que por mais tempo, indica estudo

Por Redação em 20/10/2022 às 12:34:41
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Para Araújo, existe um movimento mundial em busca de viver mais e isso vem de uma grande dificuldade de aceitar a finitude do ser humano e a perda da vitalidade.

Bruce, por exemplo, diz ter “muito medo de morrer”.

“Eu parto da premissa de que só tenho essa vida para fazer o que tiver a fim de fazer. Eu sou ateu. Não acredito em pós-vida. Então mais tempo implica em poder aproveitar mais”.

No caso das mulheres, a preferência pela qualidade de vida pode refletir “o sentimento de dupla jornada”, sobrecarga por muitas precisarem conciliar a vida profissional com tarefas domésticas e filhos, diz Álvaro. Geissy Araújo analisa que é “como uma tentativa de reconhecimento de que é preciso descanso e respeito aos próprios limites”.

A manifestação dessa preferência por mais da metade da população sugere que o aumento da expectativa de vida dos adultos não veio acompanhada do aumento proporcional da qualidade de vida. “Logo, os anos a mais não necessariamente nos fariam mais felizes”, frisa Álvaro.

A nonagenária Maria afirma que qualidade de vida costumava ser, para ela, “família, trabalho, saúde e relações humanas prazerosas”.

Hoje, ela associa o conceito a “ter saúde e a cabeça funcionando”. O estudo mostra que ter qualidade de vida está diretamente ligado a estar saudável.

“Cada um tem um modo de vida, se sente realizado de um jeito”, diz. “Eu estou com 91 anos. Não fui feliz o tempo todo. Tive problemas como todo mundo, mas me sinto realizada profissionalmente e os meus filhos me realizaram muito. A felicidade consiste em realizações também”.

Um dos conceitos que emergem do trabalho aponta que “o que importa é ter uma vida bem vivida”. “E isso não significa uma vida de prazeres, meramente. Significa ter um propósito, construir ou ter um legado. Uma vida, acima de tudo, de conexão com as pessoas”, observa Álvaro.

Maria viu a Segunda Guerra Mundial, o comunismo acabar na Rússia e a evolução das comunicações, por exemplo. “A frustração é morrer sem saber para onde vai esse mundo que está mudando cada dia mais rápido”.

Ela achou “um pouco difícil”, mas conseguiu conciliar a vida familiar com os estudos e a carreira. Enquanto os filhos cresciam, fez especialização, virou mestre e doutora. Foi professora e pesquisadora até os 77 anos e enxerga a felicidade como chave da existência.

Questões como “o que realmente faz sentido para ter uma existência com mais significado” vão surgindo ao longo da vida, reforça Geissy Araújo. É um contexto em que se discute em “a sociedade do cansaço”, acrescenta, evocando o filósofo sul-coreano Byung-Chul-Han.

“É como se a gente tivesse sempre que ser a nossa melhor versão. E para isso parece que a gente tem que fazer, fazer, fazer e parece que não há tempo suficiente”.

“Uma reflexão interessante é como a gente sai disso, da sociedade da performance, da produtividade, que acaba gerando muito cansaço e desencadeando doenças como burnout, depressão e ansiedade. O desafio é trazer presença, ter consciência dos valores, aproveitar o tempo que a gente tem com qualidade para que a gente consiga de fato viver e não só sobreviver nesse mundo”.

Fonte: Banda B

Tags:   Saúde
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