Brasil diz considerar 'pertinente' nova eleição na Bolívia após OEA apontar fraude em votação

Por Redação em 10/11/2019 às 17:19:07

Organização dos Estados Americanos disse que houve irregularidades na eleição de 20 de outubro. Reeleito sob protestos da oposição, Evo Morales convocou novas eleições no país. Manifestação em La Paz contra o presidente Evo Morales da Bolívia, em 9 de novembro de 2019

Kai Pfaffenbach/Reuters

Em nota divulgada neste domingo (10), o Ministério das Relações Exteriores do Brasil expressou "profunda preocupação" o relatório divulgado pela Organização dos Estados Americanos (OEA) no qual a entidade aponta irregularidades na eleição presidencial da Bolívia do dia 20 de outubro, quando Evo Morales foi eleito em primeiro turno.

No texto, o Itamaraty disse considerar "pertinente" a convocação de novas eleições, conforme anunciado por Morales após a divulgação do relatório da OEA.

"[O Brasil] expressa profunda preocupação com as graves irregularidades ali apontadas, que desqualificam o pleito e levam à necessidade de convocação de um novo processo eleitoral", diz o governo brasileiro.

"O Brasil considera pertinente a convocação de novas eleições gerais em resposta às legítimas complementa o Itamaraty.

O ministério também defende na nota que o novo pleito seja presidido por "autoridades reconhecidas por sua honorabilidade e credibilidade", além da observação internacional em todas as etapas do processo.

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O órgão responsável por computar os votos apontou o seguinte resultado final:

Evo Morales: 47,07% dos votos

Carlos Mesa: 36,51%

Como a diferença entre Morales e Mesa foi de mais de 10 pontos percentuais, o atual presidente foi reeleito para seu quarto mandato.

Antes desses números serem publicados houve uma indefinição: inicialmente, havia um método mais rápido e preliminar de apuração, e um outro, definitivo e mais lento, onde se conta voto a voto. Os números dessas duas contagens começaram a divergir, e a apuração mais rápida, que indicava que haveria um segundo turno, foi suspensa.

Desde que Evo ganhou, a oposição tem ido às ruas em protestos. A polícia parou de reprimir as manifestações, e houve motins em quartéis do país.

Na sexta (8) e no sábado (9) policiais bolivianos se amotinaram. O governo respondeu com um comunicado no qual denunciava um plano de golpe de estado.

O Ministério de Relações Exteriores afirma que "os últimos acontecimentos põem em evidência a implementação de um plano de golpe de estado provocado por grupos cívicos radicais".

Os policiais dos estados de Cochabamba, Sucre e Santa Cruz foram os que iniciaram os motins. Na capital La Paz, a rebelião começou no sábado (9). Os grupos se recusam a reprimir as manifestações contra Morales.

Nota

Leia a íntegra da nota divulgada pelo governo brasileiro:

Situação na Bolívia

O Brasil toma conhecimento do resultado da Análise de Integridade Eleitoral das eleições gerais de 20 de outubro, realizada pela , e expressa profunda preocupação com as graves irregularidades ali apontadas, que desqualificam o pleito e levam à necessidade de convocação de um novo processo eleitoral.

O Brasil considera pertinente a convocação de novas eleições gerais em resposta às legítimas manifestações do povo e às recomendações da OEA, após a constatação das graves irregularidades.

O Brasil estima que o novo sufrágio deve ser dotado de todas as condições para assegurar sua absoluta transparência e legitimidade. Nesse sentido, o novo sufrágio deve ser presidido por autoridades reconhecidas por sua honorabilidade e credibilidade para garantir o soberano desejo dos bolivianos, e contar com observação internacional em todas as etapas do processo.

Fonte: G1

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