Dona da creche que dopava bebês seria um risco se solta, diz Justiça

Em nota, a dona da creche afirma que nunca maltratou as crianças que eram bem recebidas no local

Por Redação em 13/07/2023 às 12:23:07
Prisão ocorreu na terça. (Arquivo)

Prisão ocorreu na terça. (Arquivo)

"Má índole e perigosa", assim é descrita a dona da creche em Naviraí, a 359 quilômetros de Campo Grande, presa na terça-feira (11), após dopar e agredir bebês. Em nota enviada pelo advogado da dona da creche, ela se defende das acusações afirmando que sempre tratou as crianças com muito cuidado.

Quando decretada a prisão preventiva da dona da creche, a Justiça a descreveu como uma pessoa com extensa ficha criminal, de má índole, e perigosa e agressiva, com possibilidades concretas de reiteração delituosa, caso fosse solta. A dona da creche já havia sido presa anteriormente por maus-tratos a sua avó cadeirante e com uma das pernas amputadas.

As crianças e os bebês ainda deverão passar por exames e a liberdade da dona da creche colocaria as vítimas em risco, segundo relatos da Justiça negando assim, medidas cautelares diferentes da prisão.

Em nota enviada pelo advogado, a dona da creche se diz inocente de todas as acusações afirmando que nunca agrediu, maltratou, ameaçou ou constrangeu as crianças e bebês, que eram muito bem cuidados por ela na creche.

Sobre remédios ministrados sem a autorização dos pais, a dona da creche ressalta que cada criança tinha uma ficha cadastral e os medicamentos ministrados eram só os que os pais enviavam. No fim, a dona da creche pede por reflexão já que muitas pessoas acabaram condenadas pelas redes sociais.

Dopava bebês

Segundo a delegada Sayara Baetz, responsável pelo caso, foi apreendido um medicamento indicado para náusea e vômito, proibido para menores de dois anos.

O medicamento seria utilizado para "dopar" as crianças da creche e fazer com que elas passassem a maior parte do tempo dormindo, pois esse é um dos efeitos colaterais da medicação.

No momento da prisão, a dona da creche afirmou que o medicamento apreendido era de uso pessoal, mas ela tinha autorização dos pais para ministrar remédios. Uma funcionária, de 26 anos, também foi presa por dar o remédio para as crianças.

"No local não havia brinquedos, até porque as crianças passavam a maior parte do tempo dormindo. Alguns pais relataram que as crianças ficavam sonolentas o dia todo e tinham dificuldade de acordar até mesmo no outro dia', explicou a delegada. A dona da creche irá responder por tortura e a funcionária por omissão.

Relato das mães dos bebês

Uma das mães de um dos bebês agredidos relatou que a filha chegava em casa muito sonolenta e a comida que mandava sempre voltava. Quando questionava a cuidadora, ela dizia que a bebê não estava gostando da comida, o que causou estranheza na mãe, já que a filha sempre gostou das frutas que mandava para a creche.

A mãe ainda relatou na delegacia que em uma das vezes em que buscou a filha percebeu que a bebê estava com machucados na lateral do corpo, arranhões, e a cuidadora teria dito que poderia ter se machucado já que engatinhava muito pelo local. Em outra ocasião, a bebê apareceu com bolhas de sangue na sola dos pés. A bebê estava na creche há 4 meses, e segundo a mãe a mensalidade era de R$ 200.

Sobre medicamentos ministrados a bebê, a mãe disse que nunca autorizou a cuidadora a fazê-lo e que mandava remédios indicados pelo pediatra para a filha tomar em caso de alguma dor ou febre.

Outra mãe disse na delegacia que o filho de 2 anos sempre chegava sonolento da creche e chorava muito quando era a hora de ir para o local, mas acreditava que seria porque ele queria ficar com ela e não que estava sendo torturado. A criança ficou durante uma semana no local e a mãe não o levou mais.

Uma das crianças, de 5 anos, que frequentava a creche contou à mãe, que as cuidadoras batiam nas bocas dos bebês e que um dos meninos em uma ocasião fez xixi na calça e a dona do local o puxou pelo cabelo até o banheiro e deu tapas no rosto do menino. Ainda segundo o relato, a dona do local fez com que outras crianças o chamassem de "mijão" e caso não o fizessem seriam colocados de joelhos no milho até sangrar.

Uma das crianças torturadas disse à mãe que não queria ir mais à creche porque a "tia é má, bate e puxa o cabelo". O menino ainda disse para a mãe: "Tia falou que meu cabelo é ruim'. Neste dia a criança chegou em casa bem triste.

Fonte: Midiamax

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