Dona de creche clandestina é transferida para presídio e por 'questões de segurança' está isolada

Dona de creche e funcionária foram presas em flagrante. Para a funcionária que ministrava os remédios às crianças foi arbitrada fiança

Por Redação em 14/07/2023 às 13:09:41
Foto: Divulgação

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Foi transferida para o presídio na manhã desta quinta-feira (13) a dona da creche clandestina que torturava e dopava bebês em Naviraí, a 359 km de Campo Grande. A mulher, de 30 anos, foi presa em flagrante na terça-feira (11), após a polícia instalar monitoramento por áudio e vídeo e visualizar as agressões físicas e verbais, além da manipulação de medicamento para uma bebê, de 11 meses, dormir e parar de chorar.

A proprietária da creche está isolada no presídio de Rio Brilhante por 'questões de segurança'.

O advogado da mulher disse em nota que ela se declara inocente de todas as acusações e que sempre tratou as crianças com 'muito cuidado', porém a Justiça a define como pessoa com extensa ficha criminal, de má índole, perigosa e agressiva, com possibilidades concretas de reiteração delituosa, caso fosse solta.

A dona da creche, inclusive, já havia sido presa anteriormente por maus-tratos a sua avó cadeirante e com uma das pernas amputadas.

Já a funcionária flagrada dopando os bebês foi arbitrada fiança de R$ 1.320.

Prisão ocorreu na terça. (Arquivo)

Dopava bebês


Segundo a delegada Sayara Baetz, responsável pelo caso, foi apreendido um medicamento indicado para náusea e vômito, proibido para menores de dois anos.

O medicamento seria utilizado para "dopar" as crianças da creche e fazer com que elas passassem a maior parte do tempo dormindo, pois esse é um dos efeitos colaterais da medicação.

No momento da prisão, a dona da creche afirmou que o medicamento apreendido era de uso pessoal, mas ela tinha autorização dos pais para ministrar remédios. Uma funcionária, de 26 anos, também foi presa por dar o remédio para as crianças.

"No local não havia brinquedos, até porque as crianças passavam a maior parte do tempo dormindo. Alguns pais relataram que as crianças ficavam sonolentas o dia todo e tinham dificuldade de acordar até mesmo no outro dia", explicou a delegada. A dona da creche irá responder por tortura e a funcionária por omissão.

Relato das mães dos bebês


Uma das mães de um dos bebês agredidos relatou que a filha chegava em casa muito sonolenta e a comida que mandava sempre voltava. Quando questionava a cuidadora, ela dizia que a bebê não estava gostando da comida, o que causou estranheza na mãe, já que a filha sempre gostou das frutas que mandava para a creche.

A mãe ainda relatou na delegacia que em uma das vezes em que buscou a filha percebeu que a bebê estava com machucados na lateral do corpo, arranhões, e a cuidadora teria dito que poderia ter se machucado já que engatinhava muito pelo local. Em outra ocasião, a bebê apareceu com bolhas de sangue na sola dos pés. A bebê estava na creche há 4 meses, e segundo a mãe a mensalidade era de R$ 200.

Sobre medicamentos ministrados a bebê, a mãe disse que nunca autorizou a cuidadora a fazê-lo e que mandava remédios indicados pelo pediatra para a filha tomar em caso de alguma dor ou febre.

Outra mãe disse na delegacia que o filho de 2 anos sempre chegava sonolento da creche e chorava muito quando era a hora de ir para o local, mas acreditava que seria porque ele queria ficar com ela e não que estava sendo torturado. A criança ficou durante uma semana no local e a mãe não o levou mais.

Uma das crianças, de 5 anos, que frequentava a creche contou à mãe, que as cuidadoras batiam nas bocas dos bebês e que um dos meninos em uma ocasião fez xixi na calça e a dona do local o puxou pelo cabelo até o banheiro e deu tapas no rosto do menino. Ainda segundo o relato, a dona do local fez com que outras crianças o chamassem de "mijão" e caso não o fizessem seriam colocados de joelhos no milho até sangrar.

Uma das crianças torturadas disse à mãe que não queria ir mais à creche porque a "tia é má, bate e puxa o cabelo". O menino ainda disse para a mãe: "Tia falou que meu cabelo é ruim". Neste dia a criança chegou em casa bem triste.

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